sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Credibilidade

Não nos agrada a ideia de que o carácter dos vinhos portugueses possa ser "mandado à fava" em favor de estratégias de marketing (que se consideram sempre as mais modernas e de maiores probabilidades de retorno imediato).

Somos muito críticos relativamente à actual má imagem dos vinhos portugueses mas também não somos favoráveis ao entusiasmo de alguns, que alinham pelos "belos exemplos australianos ou californianos". Dizemos belos porque o são de facto, graficamente... A sua criatividade, artística e comunicacional — mesmo na vertente mais informativa —, surpreende-nos a todo o momento. Contudo, quantas vezes não nos interrogamos se não estamos antes na presença de embalagens (o termo "packaging" torna-se parolo, pretensioso, na língua portuguesa) de perfumes ou de óleos de massagens, de brindes publicitários ou, quando muito, de tisanas adocicadas ou licores de tudo?! Para esses estrategas pouco importará desenhar, promover, vender, consumir o vinho como se fosse refrigerante; como se o grafismo, a imagem, o conceito, a cultura em si pudessem ser subvertidos e submetidos a esses travestismos.

A credibilidade, tão em falta na sociedade contemporânea e no design em particular, vê-se assim ainda mais ameaçada. Ser credível em design (como no vinho, nos negócios, na vida) é um imperativo ético, que se repercute valorizando as relações humanas e a nossa sociedade em geral.

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