Um site é hoje, para um produtor/empresa de vinhos, um dispositivo de comunicação tão ou mais importante do que os rótulos das garrafas. Representa um espaço informativo, de credibilidade e de divulgação por excelência – mas também de negócio. Quase todos os produtores que se apresentam com um design de rótulos deficiente (para não dizermos mau) têm sites a condizer. Estarão convencidos do contrário, mas isso ainda piora a avaliação do nível cultural do sector. A maioria dos produtores é mal aconselhada no que toca ao design de comunicação. Muitos nem aceitarão que isso se faça. Decidem "estrategicamente" pelo seus critérios pessoais ou pelo que espiam no vizinho mais acima. A falta de confiança em quem sabe — e a desconfiança — é um dos grandes males portugueses. Atribuir o poder de uma decisão a outrem e reconhê-la como boa é algo que os nossos empresários parece abominarem. O receio das ideias dos outros (reconhecidamente competentes, é claro) instalou-se, generalizou-se e demora a combater. Para mal da imagem do país, nomeadamente no sector dos vinhos, onde a internacionalização é um facto. E porque "olhar para o lado" é tão apetecido entre nós — no que toca ao design — dá vontade de sugerir aos produtores portugueses que ponham os olhos nos argentinos.
Um site de uma empresa de vinhos não deve ser implementado tendo em consideração apenas o gosto de quem a dirige. Mesmo que a empresa seja familiar e que tenha esse lema como condição. O site é um dispositivo de consulta, público, que deve obedecer a critérios determinados pela sua função e pelo seu uso. É, pois, pela funcionalidade do acesso, pela clareza da arquitectura da informação e pelas respostas que se obtêm, em tempo certo, que o classificamos de bom. Ainda que a poética e expressão artística sejam importantes. A par, claro está, de um carácter simbólico que não desvirtua a mensagem do produto que comunica: vinhos de uma região determinada.
Posto assim, num parágrafo, poderá parecer fácil opinar sobre design de comunicação; mas sabemos que leva anos a aprender a sua linguagem.
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
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