A generalidade dos vinhos sul-africanos que nos chegam surpreende-nos quase sempre pelo seu design gráfico. Acima de tudo pela tipografia clássica bem composta, traduzida numa elegância, equilíbrio e rigor que ultrapassa os nossos melhores exemplares. Mas também pelo recurso ao preto e ao ouro, e à gravura, que marcam e definem claramente um território semântico. O vinho, mesmo o mais económico de uma qualquer região demarcada é, ainda, um produto de valor simbólico elevado. Assim, vinhos de preço acessível tornam-se preciosidades visuais. Sabemos o efeito que isso tem nos consumidores menos especializados e, consequentemente, nas vendas. É abusivo ou anacrónico? Não. Abusivo e anacrónico são vinhos caros ostentando rótulos de autêntico "lixo visual".
Os portugueses — sempre tão afoitos a espreitar o vizinho — ainda não conseguiram implementar uma imagem distinta nos seus vinhos. E nem serão necessárias estratégias de marketing ou estudos sociológicos para justificar a opção. Basta lembrar a frase do famoso carnavalesco brasileiro Joãosinho Trinta: "quem gosta de miséria é intelectual, pobre gosta de luxo."
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário