terça-feira, 25 de maio de 2010

A sabedoria do tempo — o vinho e o design

O vinho é uma substância que comporta a sabedoria do envelhecimento e se enobrece com ela. Com auxílio do tempo, a uva amadurece, a fermentação conclui-se e as substâncias que compõem o vinho amaciam-se, adquirindo formas e características novas, únicas, nobres. Foi mais ou menos com estas palavras que o filósofo e ensaista francês Gaston Bachelard relacionou o tempo com o vinho. Palavras que poderiam também reportar-se ao design. Embora a ideia que se generalizou tenha sido a de que o design se alimenta da moda, da efemeridade e da substituição, a verdade é que o bom design, quando comporta a sabedoria do tempo, enobrece-se, tende a ser duradouro e propiciar novas leituras e usos. O mau design comporta-se geralmente em sentido contrário. Descaracteriza-se, cansa e não resiste a novos contextos. É curioso constatar como um sofá "Corbusier" desenhado nos anos 20 resiste mais no corredor de um centro comercial do que o próprio símbolo/logótipo da empresa sua proprietária (falamos da Sonae, neste caso).

Uma imagem bem desenhada, para um vinho que a mereça, deveria resistir ao tempo. Não será pois de estranhar que abundem — e se mantenham — os exemplos clássicos de casas francesas. Ou os exemplos intemporais das garrafas de Porto, serigrafadas ou em "stencil". A novidade nunca será, em absoluto, sinónimo de qualidade.



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