"Quando o envolvimento no que fazemos se sobrepõe ao propósito e às suas exigências, tende a tolher-nos e a tornar a nossa comunicação uma auto-expressão que poderá interessar muito aos nossos netos mas certamente pouco a quem servimos e menos à cultura em geral." Escrevemos em tempos estas palavras a propósito dos rótulos dos vinhos Cortes de Cima, criticando as ilustrações amadoras e o design insípido que exibem.
Os rótulos dos vinhos da Herdade da Malhadinha Nova, na mesma linha da empresa Cortes de Cima, vão mais longe ao exibirem desenhos das crianças da família. Desenhos semelhantes aos que todos nós, os que temos filhos pequenos, afixamos no escritório ou na porta do frigorífico lá de casa. Correspondem, como a generalidade dos desenhos infantis, a um discurso gráfico estereotipado. São uma forma das crianças comunicarem. Valem porque são feitos pela Alice, pelo João ou pela Francisca e não pelas suas qualidades artísticas. Aos pais enchem de orgulho mas para os outros serão um aborrecimento. Por isso devemos ter o bom senso de sermos contidos ao mostrá-los aos amigos.
Os vinhos Malhadinha, Monte da Peceguina, Antão Vaz, Aragonês da Peceguina e Marias da Malhadinha são bem feitos. Afirmam-no outros mais entendidos do que nós. No que ao design de imagem diz respeito, são um equívoco. Entre o profissionalismo e o apego familiar paira uma espécie de fronteira mal definida. O que salta à vista nos rótulos é mesmo a combinação estranha das "imagens de infantário" com a tipografia utilizada (clássica — Trajan — nos títulos e moderna em caixa baixa — Univers — no resto da informação, no Monte da Peceguina, por exemplo). De pouco servirá o verniz Braille e o cuidado na impressão. Vinhos de preço considerável e de qualidade elogiada (sem dúvida o atributo mais importante!) mereciam um trabalho erudito a todos os níveis.
Depois da visita à bela Herdade da Malhadinha Nova, e na sequência de um excelente almoço degustação acompanhado pelos não menos excelentes vinhos da casa, não deixámos de nos interrogar, no regresso, como seriam a gastronomia e a enologia da herdade se fossem entregues aos palpites das crianças da família. Parece um exagero mas é uma analogia legítima que qualquer especialista em design de comunicação faria.
O design visual é hoje, cada vez mais, uma exigência que se impõe a toda a comunicação. Não deve ficar preso a estratégias emocionais, personalizadas, principalmente quando o cliente paga, a concorrência é muita e o léxico expressivo vasto, complexo, e exige saber na sua articulação.
Os rótulos dos vinhos da Herdade da Malhadinha Nova, na mesma linha da empresa Cortes de Cima, vão mais longe ao exibirem desenhos das crianças da família. Desenhos semelhantes aos que todos nós, os que temos filhos pequenos, afixamos no escritório ou na porta do frigorífico lá de casa. Correspondem, como a generalidade dos desenhos infantis, a um discurso gráfico estereotipado. São uma forma das crianças comunicarem. Valem porque são feitos pela Alice, pelo João ou pela Francisca e não pelas suas qualidades artísticas. Aos pais enchem de orgulho mas para os outros serão um aborrecimento. Por isso devemos ter o bom senso de sermos contidos ao mostrá-los aos amigos.
Os vinhos Malhadinha, Monte da Peceguina, Antão Vaz, Aragonês da Peceguina e Marias da Malhadinha são bem feitos. Afirmam-no outros mais entendidos do que nós. No que ao design de imagem diz respeito, são um equívoco. Entre o profissionalismo e o apego familiar paira uma espécie de fronteira mal definida. O que salta à vista nos rótulos é mesmo a combinação estranha das "imagens de infantário" com a tipografia utilizada (clássica — Trajan — nos títulos e moderna em caixa baixa — Univers — no resto da informação, no Monte da Peceguina, por exemplo). De pouco servirá o verniz Braille e o cuidado na impressão. Vinhos de preço considerável e de qualidade elogiada (sem dúvida o atributo mais importante!) mereciam um trabalho erudito a todos os níveis.
Depois da visita à bela Herdade da Malhadinha Nova, e na sequência de um excelente almoço degustação acompanhado pelos não menos excelentes vinhos da casa, não deixámos de nos interrogar, no regresso, como seriam a gastronomia e a enologia da herdade se fossem entregues aos palpites das crianças da família. Parece um exagero mas é uma analogia legítima que qualquer especialista em design de comunicação faria.
O design visual é hoje, cada vez mais, uma exigência que se impõe a toda a comunicação. Não deve ficar preso a estratégias emocionais, personalizadas, principalmente quando o cliente paga, a concorrência é muita e o léxico expressivo vasto, complexo, e exige saber na sua articulação.
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